GOMES - 08-11-2009
Das recordações da minha infância, na Vila Mocó, além das peladas do final da tarde, após a concentração na casa de Dona Maria Cosme, marcaram bastante e influenciaram muito o gosto que tenho pela música, a audição matinal do programa do radialista Carlos Augusto.
Inicialmente era o “Forró na Cuia Grande”, na emissora Rural. Depois ele passou para a Rádio do Grande Rio (recém criada, com jingle e tudo do meu amigo Caíto, do Som da Terra, banda que encantava o barzinho “Meio do Mundo”, no Recife da minha chegada) e teve que mudar o nome do programa, salvo engano para “Forró da Mulambeira”. Acho que os nomes dos programas eram homenagens a sítios ou fazendas de propriedade do locutor. Carlos Augusto ainda hoje mora na Vila Mocó, na frente do abrigo de velhos. Outro dia estava falando para ele a respeito da sua importância para a minha “formação” musical.
Pois bem. Eu acordava todos os dias muito cedo, para ir à escola (Colégio Dom Malan, depois Escola de Petrolina), e ficava das 5 às 6 horas da manhã ouvindo um radinho ABC, que tinha na sala, onde dormia, na Princesa Isabel, 131, até minha mãe balançar os punhos da minha fianga (rede de dormir), pra lembrar do horário da escola, achando que eu estava drmindo. Foi através de Carlos Augusto que comecei a ouvir Luis Gonzaga (a partir dos cinco anos de idade), Jackson do Pandeiro, Marinês, Trio Nordestino, Os Três do Nordeste e Elino Julião, dentre vários outros importantes artistas do gênero forró e suas variações.
Mas eu queria me deter a Elino Julião, que ouvi bastante essa semana. Forrozeiro, ritmista de Luis Gonzaga e de Jackson do Pandeiro, potiguar da região do Seridó e que deixou uma discografia razoável de músicas, principalmente de forrós, mas que tendiam também para o ritmo brega romântico.
Elino Julião compôs coisa como Chô Galo (de Bartô Galeno) , O Burro , o clássico Puxando Fogo , Rabo do Jumento , regravado antes de sua morte, em parceria com Lenine, a nostálgica São João Alegre , Tá Faltando Paletó , um forró cheio de mulher, bom danado, e a chamegosa Xodó de Motorista . Mas de todas as sua músicas a que mais tenho lembranças é de Meu Cofrinho de Amor , essa já tendendo mais para sua musicalidade brega, saindo do forró, seu ritmo predileto. Essa música lembra muito a minha Tia Maria, irmã da minha mãe, que morava na Vila Eduardo.
Elino Julião faleceu de um aneurisma cerebral, em 2006, em Natal. Mas antes disso fez o CD “O Canto do Seridó ”, revisitando sua obra, com participações, além de Lenine – um declarado apreciador da sua música, que inclusive teria influenciado a sua formação – , de artistas como Maciel Melo, que cantou com ele “Amor Enchucalhado”, Dominguinhos, Fagner, Elba Ramalho, Silvério Pessoa, Marinês, Chico Science e Nação Zumbi, Xangai e Tetê Espínola, dentre outros.
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